Condução: é um condutor ou limita-se a guiar o seu carro?

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A condução passou a ser um ato de rotina, ao qual presta pouca atenção?

Grande parte dos seus movimentos enquanto conduz são mecanismos físicos? Perde, por vezes, a noção do que se passa à sua volta? Deixa-se absorver em pensamentos ou tarefas paralelas, perdendo a consciência do trajeto que percorreu?

Se a reposta é afirmativa à maior parte destas perguntas, então, este artigo é para si. Este e os que se vão seguir numa série de artigos que pretendem ajudá-lo a fazer uma autoanálise à forma como conduz e, eventualmente, alterar algumas das atitudes e comportamentos menos seguros ou menos eficientes que possa ter ao volante.

Guiar não é conduzir. A condução de veículos é uma operação complexa a nível psico-motor, que implica uma lista relativamente extensa de características psicofísicas e um conjunto de capacidades sociais e de assimilação de normas de conduta que temos tendência para esquecer e sobre as quais se torna importante refletir.

Segundo a análise psicológica da condução, a tarefa implica que de forma recorrente ao longo de centenas ou mesmo milhares de vezes em alguns quilómetros, se aplique a velha máxima: Ver, Pensar, Agir.

Máxima da condução: ver, pensar, agir

VER

A fase “Ver” é dividida em duas subfases:

Exploração percetivo-visual

Mais que olhar devemos observar, preferencialmente o mais longe possível e observar em olhadelas rápidas os espelhos retrovisores por forma a obter o máximo de informação do que rodeia o nosso veículo.

Identificação

De tudo o que observar deverá identificar toda a informação pertinente para a condução, tal como sinalização, existência e tipos de interseções, fluidez e quantidade de trânsito à sua volta, circulação de peões ou bicicletas, etc.

PENSAR

A fase “Pensar” é dividida em três subfases:

Antecipação

Fruto da experiência acumulada ou de uma boa formação, deverá antecipar e isso não é mais do que imaginar situações de risco apesar de ainda não as estar a ver.

Previsão

Prever é delinear vários cenários e várias consequências para o que já estiver a ver, sendo que cada um deles irá envolver maior ou menor grau de risco.

Decisão

Em função de todos os passos anteriores irá optar pelo cenário que julgue ser a melhor decisão por envolver menor risco

AGIR

A fase “Agir” limita-se à execução da ação previamente decidida.

Agora resta executar a decisão da melhor forma. Isto, claro, tendo em consideração todos os fatores externos, como o estado da via ou do seu próprio veículo e a sua capacidade de execução motora para o desempenhar a 100%.

Todas as fases e subfases da tarefa da condução se passam em segundos, no entanto existem estratégias de treino cognitivo e de perceção de risco que poderão ajudar a melhorar o seu desempenho.

Como vê, conduzir é uma rotina que faz com que a nossa mente esteja bastante atarefada. Isto deixa-nos a pensar como a execução de outras tarefas, de forma paralela, contribuem de forma efetiva para o aumento do risco de acidente.

Dei-lhe algo em que pensar durante alguns minutos? Sim…? Era essa a intenção! Da próxima vez que estiver ao volante avalie a sua condução e pense se está realmente a conduzir ou simplesmente a guiar!



Nuno Gomes

Formador e consultor na gestão da eficiência e segurança de condutores em frotas automóveis, é gerente da QI Formação e também formador especializado em condução de veículos pesados.